Na ação de se criarem enquanto recriam o mundo, mestres e mestras por toda nossa história nos deixam pistas para a sobrevivência, banhadas em águas salgadas de conhecimentos ancestrais, de antes, do lado de lá e do lado de cá do oceano mas principalmente, o que se aprendeu na travessia. 

Se existe gente investigando esses códigos em seus próprios termos, essas pessoas estão nas beiras, nas pelejas do dia a dia, no improvisar o cotidiano, no subverter o colonial, nos sonhos além da raça. Se hoje acontecer um levante, esse levante tem uma direção. Nas grandes cidades, mas nos cantinhos delas, nas frestas, existe gente fazendo alquimia com saberes de sua própria gente. 

Sabedorias negras submersas tantos séculos, pouco a pouco emergem para estas pessoas de margem reconfigurarem esses saberes, gingarem com a tecnologia espiralar do mundo, mandingarem com essa arte cruzada, que não cabe em caixa nenhuma, que vaza dos orìs por todos os corpos. 

O Atlântico nos ensina sobre o ir e vir do tempo, sobre o movimento de nossa gente, sobre nossos olhares. Para onde apontamos nossos olhos historicamente é onde nossas miradas repousam. São Paulo - Grajaú, outubro de 2023 e é possível afirmar: os cruzamentos estão acontecendo! 

Por Manuel Victor